sexta-feira, 21 de junho de 2013

R$ 0,20 -O Estopim de uma nova Era- parte 2

O levante popular e espontâneo que está ocorrendo em muitas cidades do país já conquistou em várias delas a sua reivindicação inicial, a redução da tarifa do transporte público. No entanto, o povo continua na rua, afinal, motivos não faltam para protestar neste país. O Fora Feliciano, a PEC 37, o novo código florestal, os gastos excessivos com a copa do mundo, a corrupção, a falta de investimento em saúde e educação, a inflação... enfim, anos e anos de imobilismo e passividade que resultaram numa série de problemas econômicos, políticos e sociais que recentemente transbordaram com a questão da tarifa dos transportes.
Contudo, o movimento começa a ganhar um caráter assustador. A direita e a ultra direita estão tentando se apossar da mobilização popular. Na manifestação de quinta -feira, dia 20/06, os partidos de esquerda foram impedidos de erguerem suas bandeiras. Por todos os lados viam-se pessoas com bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo, cantando o hino nacional. Falou-se muito em revolução. Ótimo! Quem nunca sonhou com este dia em que a revolução estaria em pauta? Mas de qual revolução se fala? Isso é que é assustador, pois a direita está tentando tomar a frente das mobilizações com o intuito de dar um golpe. E essa história nós já vimos antes no nosso país quando a esquerda estava se organizando em torno do governo Jango por reformas de base, aí veio a direita e... Todo mundo já sabe o fim dessa história.
É fundamental que a mobilização popular continue e ela vai continuar, pois como se trata de um movimento espontâneo ninguém vai conseguir segurar. Mas para que ela tenha efeito é necessário que a esquerda se una em torno de uma bandeira comum e tome a frente do processo, pois se a esquerda não fizer isso a direita vai fazer.
É necessário ter claro que o inimigo é um só: o capitalismo, este sistema nefasto e explorador. Não vamos permitir que os capitalistas se apropriem da mobilização popular para tornar algo ruim ainda pior.
Portanto, clamamos pela união do povo e da esquerda em torno de uma bandeira transitória,de reformas básicas, rumo ao socialismo.




R$ 0,20: O estopim de uma Nova Era

Em 1968 um grupo de estudantes da Universidade de Nanterre, na França, decidiu se rebelar contra as medidas autoritárias tomada pela reitoria da Universidade. O reitor proibiu que os homens entrassem no dormitório das mulheres, da moradia estudantil. Em pouco tempo o protesto contra um regime educacional opressor se espalhou pelas demais universidades, como a Sorbonne, e foi incorporando cada vez mais reivindicações à sua pauta, em dois meses já não eram mais apenas os estudantes que protestavam e sim, operários, trabalhadores de todas as idades que exigiam nada menos que: “Tudo já”.
Em pouquíssimo tempo a manifestação dos estudantes se transformou numa greve geral que se espalhou por toda a França e depois para vários outros países, como a Bélgica, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Brasil, entre outros.
O Maio de 68 se transformou no marco de uma nova Era, causando uma enorme revolução nos costumes, influenciando novas ideias e pensamentos nas ciências sociais e políticas, colocando a liberdade como a pauta primordial do dia e deixando claro que seja qual for a reivindicação, por menor que ela pareça (só pareça, pois nada é secundário quando se trata de justiça social) a raiz é sempre uma só: Este sistema opressor e explorador chamado capitalismo.
Recentemente no Brasil vivenciamos um movimento que se assemelha em muitas coisas ao Maio de 68. Manifestações espontâneas de grupos de jovens que reivindicavam pautas específicas, como as manifestações contra o aumento da passagem dos ônibus e do metrô em São Paulo, e serviram de estopim, canalizando a revolta de toda uma geração contra a pseudo-democracia em que vivemos, onde os direitos fundamentais não são respeitados.
Logo, bandeiras como os gastos excessivos com a copa do mundo, dinheiro que deveria ser investido em saúde, educação, transporte público, entre outras coisas, além de bandeiras como o “Fora Feliciano”, “abaixo a PEC 37”, entre inúmeras outras, foram agregadas ao movimento.
Em diversas capitais do país, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Vitória, Salvador, Curitiba, entre outras, estão correndo manifestações contra o aumento das tarifas dos transportes, os gastos excessivos coma copa, a corrupção, etc.
Em diversas capitais da Europa, como Londres, Paris, etc, os brasileiros que lá residem também foram às ruas em apoio às manifestações que aqui ocorrem.
Este é sem dúvida o auge da mobilização desde o fim da década de 80, momento em que o movimento operário e pela redemocratização do país estava em ascenso.
“Não é só pelos 20 centavos!”- dizem os manifestantes de São Paulo. Embora a reivindicação contra o aumento da tarifa seja muito justa ela acabou sendo o estopim de uma revolta muito maior que estava entalada na garganta do povo brasileiro nas últimas décadas.
O povo finalmente acordou. Agora é fundamental a compreensão de que todas estas bandeiras que reivindicamos têm uma única raiz, é fundamental perceber que o inimigo é um só: O capitalismo. E enquanto este não for destruído e substituído por um sistema social mais justo, livre e fraterno, nossa luta não findará.



Audrei Teixeira.