domingo, 7 de abril de 2013

Eu vou te tomar de assalto!

Eu vou te tomar de assalto!
Como o proletariado em Paris.
Derrubar teus muros
como os jovens de Berlim
Saquear teu corpo
Sitiar a tua alma
E te cobrir de flores
Como numa primavera em Praga.
Vou erguer barricadas
e trazer à tona todo o Amor
reprimido pelo asfalto.
Vou cantar hinos
Palavras de ordem
Proclamando meu domínio sobre ti.
Vou me perder em teus braços
Para me reencontrar
um novo ser
numa nova sociedade
A Utopia
A Ilha de Lesbos
O Eldorado
Vou fazer do meu poema um grito
pelos oprimidos
Fazer do meu poema um pranto
pelos vencidos
Fazer do meu poema um canto
de louvor e adoração
ao teu Ser
Fazer deste poema um manifesto
à favor do nosso Amor.






                                                                                           Audrei Teixeira

Um comentário:




  1. Sonho o poema de arquitetura ideal
    Cuja própria nata de cimento
    Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
    Faíscas das britas e leite das pedras.
    Acordo;
    E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
    Acordo;
    O prédio, pedra e cal, esvoaça
    Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
    Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
    Acordo, e o poema-miragem se desfaz
    Desconstruído como se nunca houvera sido.
    Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
    E os ouvidos moucos,
    Assim é que saio dos sucessivos sonos:
    Vão-se os anéis de fumo de ópio
    E ficam-me os dedos estarrecidos.
    Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
    Sumidos no sorvedouro.
    Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
    No topo fantasma da torre de vigia
    Nem a simulação de se afundar no sono.
    Nem dormir deveras.
    Pois a questão-chave é:
    Sob que máscara retornará o recalcado?

    A Fábrica do Poema

    Adriana Calcanhotto

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